Sintomas Depressivos em Doentes com Esclerose Múltipla: um modelo exploratório sobre o valor preditivo da incapacidade física, fadiga, vergonha e regulação emocional
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Data
2019
Autores
Gomes, Carolina Rita Fernandes
Carvalho, Teresa (Orientadora)
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Editora
ISMT
Resumo
Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crónica desmielinizande do sistema nervoso central, cujo curso progressivo a torna potencialmente incapacitante. A depressão é a perturbação mental que apresenta maior comorbilidade com a EM. Porém, são escassos os estudos sobre os fatores preditores da depressão em doentes com EM. Objetivos: Explorar um modelo preditivo composto por variáveis de natureza física — incapacidade física (IF) e fadiga —, de natureza emocional — vergonha interna (VI) e externa (VE) —, e processos de regulação emocional disfuncionais — atitude autocrítica (AA), evitamento experiencial (EA) e fusão cognitiva (FC). Método: Este estudo transversal integrou duas amostras de conveniência, compostas por 94 doentes com o diagnóstico de EM e 110 indivíduos da população geral sem EM, ambos sem outras doenças neurológicas identificadas. Os grupos permitiram, respetivamente, testar o modelo preditivo e efetuar análises comparativas prévias para caracterizar os participantes com EM em relação às variáveis em estudo, bem como selecionar alguns potenciais preditores. Todos os participantes preencheram o protocolo de autorresposta (Questionário Sociodemográfico e Clínico para doentes Com Esclerose Múltipla, Escala de depressão das DASS-21, Escala Analógica da Fadiga, World Health Organization Disability Assessment Schedule, External and Internal Shame Scale, Self-Compassion Scale, Acceptance and Action Questionnaire-II, Cognitive Fusion Questionnaire). Resultados: Os grupos com e sem EM não se diferenciaram quanto à idade e escolaridade, tendo os primeiros exibido valores significativamente mais elevados em relação aos sintomas depressivos e à totalidade dos potenciais preditores. Estes últimos apresentaram correlações significativas com os sintomas de depressão no grupo com EM, tendo integrado o modelo preditivo, exceto a fadiga, VE e FC, por terem sido excluídas durante a construção do modelo. O modelo final explicou 47,5% da variância da sintomatologia depressiva, apresentando como preditores significativos a IF e VI. Discussão: Intervenções de prevenção/redução da depressão em doentes com EM devem integrar estratégias de minimização do impacto da IF e da VI no desenvolvimento da referida perturbação mental, promovendo, assim, a saúde mental dos doentes e minimizando o eventual agravamento da EM. Os resultados são um contributo inovador para a clínica e para a investigação científica, principalmente por terem identificado a VI como um preditor da sintomatologia depressiva na população-alvo. / Introduction: Multiple sclerosis (MS) is a demyelinating chronic disease of the central nervous system, whose progressive course makes it potentially disabling. Depression is the mental disorder that shows greater comorbidity with MS. Nevertheless, there are few studies on the predictors of depression in patients with MS. Objectives: Explore a predictive model composed of physical variables — physical disability and fatigue —, emotional variables — internal and external shame —, and emotion regulation processes — self-critical attitude, experiential avoidance and cognitive fusion. Method: This cross-sectional study integrates two convenience samples, composed of 94 patients diagnosed with MS and 110 individuals from the general population without MS, both with no other neurological disorders identified. These groups, respectively, allowed to test a predictive model and to do comparative analysis to characterize the participants with MS concerning the variables analysed, as well as select some potential predictors. All participants completed the self-response protocol (Sociodemographic Questionnaire and Clinical for patients with MS, Depression Scale of DASS-21, Analogic Fatigue Scale, World Health Organization Disability Assessment Schedule, External and Internal Shame Scale, Self-Compassion Scale, Acceptance and Action Questionnaire-II, Cognitive Fusion Questionnaire). Results: This groups with and without MS didn’t differ in age and school years, with the former exhibiting significantly higher values in depressive symptoms and all potential predictors. The latter presented significant correlations with depressive symptoms in the MS group, including the predictive model, except fatigue, external shame, and cognitive fusion, as they were excluded during the construction of the model. The final model explained 47.5% of the variance of depressive symptomatology, showing physical disability and internal shame as significant predictors. Discussion: Psychological interventions to prevent/reduce depression in patients with MS, should include strategies aimed at decreasing the impact of physical disability and internal shame on the development of this mental disorder, promoting mental health on these patients and the eventual aggravation of the MS. The findings are an innovative contribution to clinical and scientific research, mainly because they have identified in MS patients internal shame as a predictor of depressive symptomatology.
Descrição
Palavras-chave
Esclerose múltipla - Multiple sclerosis, Fatores preditores de sintomatologia depressiva - Predictors of depressive symptoms, Incapacidade física - Physical disability, Vergonha - Shame, Processos de regulação emocional - Emotional regulation processes