Qual o Papel da Flexibilidade Psicológica na Satisfação com a Vida e Estados Emocionais Negativos na Adolescência?

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Data
2022
Autores
Santos, Mariana Barata
Cunha, Marina (Orientadora)
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Editora
ISMT
Resumo
Introdução: É bem conhecida que a forma como o indivíduo se relaciona com a sua experiência interna e externa tem um impacto na sua saúde mental. A literatura tem apontado diferentes processos psicológicos, como o autocriticismo, a autotranquilização e a flexibilidade psicológica (FP), entre outros, como mecanismos que podem agravar ou proteger o bem-estar psicológico. Objetivos: Analisar o contributo único e independente de cada um destes processos no modelo preditor da satisfação com a vida em adolescentes. Comparar grupos de adolescentes com diferentes níveis de flexibilidade psicológica em termos de estados emocionais negativos (e.g., ansiedade, depressão e stress), sentimentos de vergonha (externa e interna) e satisfação com a vida. Métodos: A amostra foi composta por 210 adolescentes de escolas públicas e/ou privadas (61,9% do sexo feminino e 37,1% do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Os participantes preencheram presencialmente instrumentos de autorresposta que avaliaram a flexibilidade psicológica (PsyFlex-A), a vergonha externa e interna (EISS A), o autocriticismo e a autotranquilização (FSCRS-A), sintomas de depressão, ansiedade e stress (DASS-21) e a perceção da satisfação com a vida (SLSS). Resultados: A matriz das correlações mostrou uma associação positiva e significativa entre a FP e a satisfação com a vida e uma atitude de autotranquilização. Inversamente, a FP evidenciou uma associação negativa com o autocriticismo, com os estados emocionais negativos (ansiedade, depressão e stress) e sentimentos de vergonha (externa e interna). O modelo preditor da satisfação com a vida revelou que os processos através dos quais nos relacionamos com a nossa experiência interna e externa explicam cerca de 44% da variância da satisfação com a vida, dando cada um dos processos psicológicos um contributo único e independente. A comparação dos grupos de adolescentes com níveis baixos e altos de FP mostrou que os participantes se diferenciavam significativamente em todas as variáveis. Os indivíduos com flexibilidade alta exibiram valores mais elevados de satisfação com a vida e uma atitude mais positiva e calorosa para consigo mesmo. Por sua vez, apresentaram menos sintomas psicopatológicos, menos sentimentos de vergonha e uma atitude menos autocrítica e de auto depreciação perante dificuldades ou fracassos. Conclusão: Os dados obtidos apontam para a importância da flexibilidade psicológica na adolescência, sugerindo que esta atitude adaptativa é facilitadora da satisfação com a vida, podendo ainda proteger do desenvolvimento ou agravamento de estados emocionais negativos, sentimentos de vergonha e de um estilo autocrítico e auto julgador. Estes resultados reforçam a ideia de como é importante existir uma avaliação da flexibilidade psicológica nesta fase da vida. / Introduction: It is well known that the way an individual relates to his internal and external experience has an impact on his mental health. The literature has pointed to different psychological processes, such as self-criticism, self-attunement, and psychological flexibility (FP), among others, as mechanisms that can aggravate or protect psychological well-being. Objectives: To analyze the unique and independent contribution of each of these processes in the predictor model of life satisfaction in adolescents. To compare groups of adolescents with different levels of psychological flexibility in terms of negative emotional states (e.g., anxiety, depression and stress), feelings of shame (external and internal) and life satisfaction. Methods: The sample was composed of 210 adolescents from public and/or private schools (61.9% female and 37.1% male), aged 12 to 18 years. Participants completed face-to-face self-report instruments assessing psychological flexibility (PsyFlex-A), external and internal shame (EISS-A), self-criticism and self-tranquilization (FSCRS), symptoms of depression, anxiety, and stress (DASS-21), and perceived life satisfaction (SLSS). Results: The matrix of correlations showed a positive and significant association between FP and life satisfaction and a self-tranquilizing attitude. Conversely, PF showed a negative association with self-criticism, negative emotional states (anxiety, depression and stress) and feelings of shame (external and internal). The predictor model of life satisfaction revealed that the processes through which we relate to our internal and external experience explained about 44% of the variance in life satisfaction, with each of the psychological processes making a unique and independent contribution. Comparison of the groups of adolescents with low and high levels of FP showed that participants differed significantly on all variables. Individuals with high flexibility exhibited higher values of life satisfaction and a more positive and warmer attitude toward themselves. In turn, they exhibited fewer psychopathological symptoms, fewer feelings of shame, and a less self-critical and self-deprecating attitude toward difficulties or failures. Conclusion: The data obtained point to the importance of psychological flexibility in adolescence, suggesting that this adaptive attitude facilitates life satisfaction and may also protect against the development or worsening of negative emotional states, feelings of shame and a self-critical and self-judgmental style. These results reinforce the idea of how important it is to have an assessment of psychological flexibility at this stage of life.
Descrição
Palavras-chave
Flexibilidade psicológica - Psychological flexibility, Adolescentes - Adolescents, Autocriticismo - Self-criticism, Autotranquilização - Self-tranquilization, Estados emocionais negativos - Negative emotional states, Vergonha externa e interna - External and internal shame
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