Teses de Doutoramento C e T

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    Factores socioculturais, depressão e suicídio no idoso Alentejano
    (Instituto De Ciências Biomédicas De Abel Salazar, 2007) Pocinho, Margarida
    O suicídio e as tentativas de suicídio são mais frequentes na idade avançada do que em qualquer outra fase do ciclo vital. O principal factor de risco é a presença de um transtorno depressivo que muitas vezes passa despercebido ou é insuficientemente tratado. Vários são os factores que podem estar associados ao suicídio: história familiar de comportamentos suicidários; solidão e isolamento social; dependências (drogas “ilícitas”, fármacos e alcoolismo); doença terminal ou dor crónica; problemas sociais (desemprego, profissões de risco ou de elevado desgaste psicológico, etc.). O objectivo principal deste estudo é a avaliação do impacto que a interacção de factores socioculturais e da depressão pode exercer sobre a ideação e intenção suicidária numa população de idosos alentejanos. O protocolo de investigação incluiu os seguintes instrumentos psicométricos: Questionário de Avaliação Sociocultural (QASC); Escala de Depressão Geriátrica (GDS), Escala Torga de Intenção e Ideação Suicidária (ETIIS); Escala de Solidão (UCLA); Questionário de Suporte Social (SSQ); Escala de Avaliação de Qualidade de Vida (ETAQV). Os dados recolhidos foram inseridos e tratados através do programa informático SPSS, versão 13 para Windows. Após proceder à validação e aferição psicométrica desta bateria de testes foram seleccionadas 119 questões (QASC-19, GDS-27, ETAQV-34, ETIIS-11, UCLA-16 e SSQ-6) relacionadas com as variáveis socioculturais e psicológicas em estudo: situação económica, qualidade de vida, suporte social, sofrimento depressivo, doença somática, sentimento de mal-estar, solidão. A amostra em estudo repartiu-se por um grupo de controlo constituído por 660 idosos, maioritariamente do sexo feminino e com idades compreendidas entre os 64 e os 74 anos, casados ou viúvos, e cuja escolaridade era, em média, igual ou inferior ao actual 1.º ciclo do ensino básico (tal como acontece na síntese descritiva dos Censos de 2001, INE, 2004). O grupo clínico da amostra era constituído por 372 idosos alentejanos, maioritariamente do sexo masculino (distribuição de género por conveniência, já que é neste grupo que a taxa de suicídio é maior) proveniente do meio rural e sem escolaridade.O estudo revelou que os idosos alentejanos diferem dos controlos em quase todas as dimensões analisadas, sendo que as diferenças estatísticas observadas entre os grupos para os níveis médios de depressão, de solidão e de percepção da qualidade de vida parecem contribuir para a maior taxa de intenção/ideação suicidária entre os sujeitos do grupo clínico. A intenção e ideação suicidária associam-se ainda a: variáveis socioculturais, como religiosidade, escolaridade e representação social do suicídio; factores sociofamiliares (idade, estado civil, suporte familiar, estrutura da família, história familiar de suicídio, comportamentos suicidários de amigos/elementos da comunidade); antecedentes pessoais de tentativas de suicídio. Destaquem-se, entre os factores socioculturais, a representação do suicídio e a religiosidade (de facto, a intenção/ideação suicidária está significativamente associada à definição do suicídio como resolução nobre para um problema pessoal e à inexistência de fé ou convicção religiosa). Enfim, a intenção e ideação suicidária (medida através do ETIIS) mostra uma relação linear positiva forte com a depressão (0,694) e moderada com a solidão (0,558), precisamente as dimensões atribuídas ao hospedeiro no modelo compreensivo do suicídio testado empiricamente neste estudo.